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Clarabóia

Clarabóia

09.05.20

Hollywood


Raquel Patrício

A nova série da Netflix - Hollywood -  produzida por Ryan Murphy (produtor de Glee, American Horror Story...) chegou à plataforma no passado dia 1 de maio. Ryan Murphy é conhecido por apostar na diversidade e nos grupos mais estigmatizados da sociedade e é essa a crítica que também encontramos nesta sua nova série. 

A história desenrola-se na famosa "era dourada" de Hollywood, no período pós Segunda Guerra Mundial. O enredo centra-se em algumas personagens centrais que têm algo em comum: todos querem ser alguém importante na indústria cinematográfica. Comecemos por Jack Castello: um jovem, bastante bonito, que almeja ser um ator famoso. A sua mulher está grávida de gémeos e, portanto, o mesmo procura o sucesso o mais rapidamente possível para poder sustentar a sua família da melhor forma. Contudo, após várias tentativas, Jack acaba por ir trabalhar para uma bomba de gasolina. Porém, esta não é uma bomba tradicional, pois o verdadeiro intuito é que os trabalhadores sejam gigolôs e prestem "serviços" a homens ou mulheres que os procurem. Jack acaba por recrutar outro colega para trabalhar na bomba de gasolina, Archie Coleman, que é negro e homossexual. Para além disso, Archie é também escritor e acabou de escrever o argumento que ele julga ser um sucesso - o filme "Peg". 

No seu trabalho, Jack acaba por conhecer várias pessoas influentes que lhe abrem as portas para o mundo de Hollywood, nomeadamente, nos Ace Studios, como ator. Archie também ganha algum destaque pois o seu argumento é reconhecido como sendo de valor e existe algum interesse pelo mesmo estúdio de o produzirem. 

Aqui entram um novo conjunto de personagens: Raymond Ainsley, que será o produtor do filme "Peg"; Camille Washington, namorada de Raymond e atriz (negra), Claire Wood também atriz e filha dos donos do estúdio. O resto do enredo gira em torno da produção do filme que acaba por sofrer algumas adaptações. Inicialmente, este era para ser um filme sobre uma rapariga que se suicida pois não consegue prosperar em Hollywood; contudo, passa a ser a história de uma rapariga negra (interpretada por Camille) e da sua ascenção. 

É importante contextualizar a série a nível temporal pois, para nós, atualmente, este não seria um argumento original nem uma história que mudasse mentalidades. Todavia, na época que a série retrata, as pessoas de cor não podiam ter papeis de destaque nos filmes (apenas faziam papeis de criadas ou outro tipo de figurantes "inferiores", por exemplo), nem escrever os próprios argumentos. O facto dos Ace Studios terem decidido produzir o filme foi considerada uma afronta para a indústria cinematográfica, com muitos cinemas a recusarem-se exibi-lo.

Para além da revolução para as pessoas de cor, também foram levantadas outras questões como a homossexualidade (que até então não podia ser assumida), as mulheres terem um papel importante e decisor na sociedade - quando os lugares delas eram, supostamente, a organizar a lida doméstica. 

Em resumo, foi uma série que gostei. A nível de cenários e enquadramento de época, penso que está muito bem conseguida. Não tem um argumento incrível, mas entretém o suficiente para passar um bom serão. Na minha opinião, aborda temas que nunca são demais falar. Tem um leque de atores muito bons que enriquecem bastante a série. Para mim, a aparição de Jim Parsons foi uma delícia (sou muito fã deste ator desde a sua célebre personagem Sheldon em The Big Bang Theory). Embora houvessem alguns episódios mais parados e aborrecidos, tem outros mais emocionantes. 

Avaliação: 6,5/10