A Plataforma
"A Plataforma" é o novo filme de Galder Gaztelu-Urrutia, disponível na Netflix, que não vai querer perder.
A história desenrola-se numa prisão vertical com centenas de pisos e em que cada piso estão apenas duas pessoas. No meio do chão, existe um buraco por onde, todos os dias, uma plataforma desce desde o primeiro piso até ao último repleta de comida. Nela está um autêntico banquete, executado ao mais ínfimo pormenor, com os pratos preferidos de todos os reclusos. A comida seria suficiente para alimentar todos os reclusos por um dia. Contudo, não é isso que acontece. Isto porque quem está nos pisos superiores come o máximo possível, não deixando nada para os reclusos dos últimos pisos. Os reclusos têm um limite de tempo para consumir a comida - no fim desse tempo a plataforma desce mais um nível. Se tentarem guardar algo para mais tarde, o seu piso começa a aquecer ou a arrefecer para valores extremos, até morrerem ou até se livrarem do alimento que guardaram.
Todos os meses os reclusos trocam aleatoriamente de pisos, sem qualquer arbítrio - ou seja, num mês podem estar num dos pisos superiores e ter acesso a mais alimento, como no mês seguinte podem não ter absolutamente nada para comer. Como seria expectável, as personagens são colocadas num cenário extremo, de vida ou de morte, em que sobrevive o mais forte.
"Existem três tipos de pessoas: as que estão em cima, as que estão em baixo e as que caem."
Ao longo do filme vamos acompanhando o personagem principal, Goreng, que está na prisão durante seis meses porque se voluntariou para assim conseguir o seu diploma. Desta forma, acompanhamos o terror, os dilemas morais, os delírios e as mudanças de personalidade que aquele local provoca nos seus habitantes. No final, Goreng e o seu novo colega de cela - que estavam de momento no piso 6 - decidem descer com a plataforma e começar a distribuir rações iguais em cada piso, para conseguirem destruir o sistema e distribuir igualmente os alimentos por todos. Nesta descida, descobrem que "o buraco" é bem mais longo do que aquilo que pensavam e decidem deixar uma panna cotta de frutos vermelhos perfeita, intacta, como protesto para a administração da prisão. Porém, não o conseguem fazer e Goreng descobre, por fim, qual é a mensagem que precisa de transmitir.
Este filme é um retrato claro daquilo que o ser humano é capaz de fazer pela sua sobrevivência. Infelizmente, raras são as pessoas que não pensam só em si e que se preocupam também com o bem-estar dos outros. Um filme chocante, com uma história que nos cativa do início ao fim. Em muitos momentos, fez-me lembrar o filme "O Parasita" - considero que ambos exploram exatamente a mesma temática (a exploração do mais fraco para chegar mais longe), de maneiras distintas mas ambas geniais.
Deixo-vos aqui o trailer para espreitarem:
Avaliação: 9/10